Conversamos com Adriana Drulla, Mestre em Psicologia Positiva, sobre o assunto. Confira!
A adolescência é a fase mais importante para a formação de identidade de todos nós e, justamente por isso, precisamos falar sobre ela e as mudanças que ela traz! Portanto, a Atrevida conversou com a Mestre em Psicologia Positiva, Adriana Drulla, sobre como o século XXI mudou as preocupações dos adolescentes.
Como dissemos, nesse período, nós descobrimos quem realmente somos. Segundo Adriana, para isso, nós começamos a nos comparar com outras pessoas, já que, dessa maneira, percebemos semelhanças ou diferenças entre nós. Entretanto, com o uso das redes sociais, os jovens se deparam com ideais irreais, vistos nos feeds e nas linhas do tempo, afetando negativamente a visão deles sobre si mesmos.
Não estamos falando só de influencers ou famosos!
Quando os próprios amigos começam a postar fotos “photoshopadas” a coisa complica ainda mais. “Os jovens passam horas trabalhando em seus perfis sociais tentando apresentar uma imagem idealizada de si, e isso, não só é exaustivo, como produz ansiedade e insegurança. Ainda mais quando a imagem que o jovem apresenta de si não representa quem ele sente que é de verdade”, revela Adriana Drulla.
Esses apps não afetam apenas nossa autoestima, mas podem também mexer com a química em nossos cérebros, de acordo com Drulla: “As redes sociais são programadas para que nós estejamos constantemente engajados. Então, cada vez que recebemos um like ou um comentário, por exemplo, nosso cérebro produz pequenas doses de dopamina“.
E onde o jovem entra nisso? Simples. Esse “presente” químico das redes faz com que fiquemos “dependentes” desta forma de validação social. E esse fato foi até analisado por cientistas! Em um estudo feito nos Estados Unidos, descobriram que o uso das mídias sociais — com a intenção de se comparar com outra pessoa ou para ter validação do outro — está associado com sintomas de depressão.
Mas por que esse sentimento assombra principalmente os adolescentes?
Acontece que, nessa fase, nos tornamos “obcecados com nosso próprio comportamento e aparência”, afirma Adriana. E essa sensação faz com que nós tenhamos a impressão de que os outros estão nos “assistindo e avaliando” o tempo inteiro. Quando, na verdade, uma grande parte de nossos amigos está passando pela mesma situação.
Inclusive, essa é a hora exata que começamos a criar uma “segunda família”, aprofundando novos laços afetivos, junto daqueles que são mais próximos da gente, como nossos melhores amigos!
E agora? Eu quero me sentir melhor sobre mim mesmo, mas quero me manter nas redes sociais, o que posso fazer?
De acordo com a Adriana, precisamos trocar a palavra “autoestima” do nosso dicionário e colocar “autocompaixão” no lugar! Ou seja, temos que nos entender por completo: nossas imperfeições e nossos limites. Basicamente “ter uma visão lúcida e realista” sobre nós mesmos. “É o entendimento de que erros e defeitos são comuns a todos”, ela completa.
E em relação às redes sociais, precisamos analisar bem quem a gente toma como referência, antes de nos comparar, já que, muitas vezes, nos deparamos com ideias que não são possíveis de serem atingidos.
“A dependência da comparação social e da aprovação do outro nos torna vulneráveis e prejudica a nossa relação conosco”, relata a especialista. “Ficamos presos em um ciclo de agradar ao outro para sabermos que temos valor”, completa.
Por isso, precisamos ter autocompaixão, que, no fim, não é nada mais nada menos do que nos tratar do jeito que trataríamos um amigo nosso que estivesse nesta situação!
Por fim, Adriana Drulla salienta a importância de sempre ter um adulto de confiança, com quem você possa falar. É fundamental trazer questões emocionais para conversas com pais ou responsáveis, para que essa fase, que é natural, não acabe sendo perigosa para nós mesmos!